Debaixo dos caracóis
[#116] Dizem que o cabelo começa a estragar com o verão: fica seco, fica quebrado, parece uma palha, dá nó, etc. Pode ser que o meu cabelo seja perfeito como o de uma Barbie, mas provavelmente não é - então, o que vou falar a respeito de cabelos vale para todos. Quando chega o inverno (a maior parte do ano, na Capital do Inferno), a gente começa a tomar banho quente, certo? Ok, só os que têm chuveiro elétrico ou a gás. Mas vamos desconsiderar os que não têm. Dentre os que sobram, quantos têm grana e tempo para cuidar dos cabelos, comprando cremes e fazendo escova? Uma minoria não representativa. Na parcela da classe média (que toma banho quente mas não pode cuidar da aparência dos cabelos), reina o sofrimento: a água quente torna os cabelos mais frágeis, e não há xampu que resolva. Os fios ficam com os poros abertos, portanto estão mais sujeitos a acumular sujeira. Mesmo que o cidadão fique uma hora fazendo escova antes de sair de casa, o cabelo vai acumular umidade. Isso quer dizer que vai ficar todo espetado e vai parecer uma palha. Para baixar os fios rebeldes, a criatura usa mais cremes, faz chapinha, passa água fria, passa sabão a seco, passa laquê, usa um boné, faz tererê, prende num rabo, faz o diabo a quatro... Para chegar no fim do dia com o cabelo ainda mais sujo, mais duro e com um penteado pra lá de fashion, moldado exclusivamente pelo gorro de lã que, na verdade, foi colocado para proteger a testa do frio, e não para esconder o cabelo feio. Caracóis pra quê?